Era uma vez…
Pesquisa desvenda o passado dos contos de fadas
Chapeuzinho vermelho,
Bela adormecida,
O gato de botas,
O patinho feio…
Com certeza você já ouviu essas histórias! Elas são conhecidas como
contos de fadas e habitam o imaginário de todos que são, ou já foram,
crianças. Mas de onde vieram esses contos? O antropólogo Jamie Tehrani,
da Universidade de Durham, no Reino Unido, fez a mesma pergunta. E
resolveu ir atrás da resposta…
Jamie construiu uma espécie de
árvore genealógica – como as que usamos para registrar nossos familiares
e antepassados. Em vez de colocar pessoas, registrou contos de fadas,
dando atenção especial à
Chapeuzinho vermelho.
Os pesquisadores escolheram a Chapeuzinho Vermelho
por ser uma das histórias mais populares de todos os tempos. O lobo
está presente em dezenas de histórias como o vilão principal. (imagem:
Wikimedia Commons)
Ele foi voltando no tempo e vendo que
todas as variantes das histórias contadas eram baseadas umas nas
outras. Há 200 anos, os irmãos Grimm publicaram
Chapeuzinho Vermelho,
mas sua versão tem como base uma história anterior, do século 17, que
por sua vez surgiu a partir das histórias contadas em antigas tradições
orais europeias.
Ao comparar as versões de
Chapeuzinho,
Jamie levava em consideração características como quem era o
protagonista, quem era o vilão e como ele enganava suas vítimas, como
era o desfecho da história, e por aí vai.
O Lobo e os sete cabritinhos pode ter sido uma das histórias que deu origem à Chapeuzinho Vermelho. (imagem: Wikimedia Commons)
Além
de concluir que a história da menina de capuz vermelho provavelmente
surgiu na Europa, o pesquisador viu que a narrativa teve origem em outro
conto famoso por lá,
O lobo e os sete cabritinhos. Nessa história, um lobo finge ser a mãe de simpáticos filhotes de cabrito para poder comê-los.
O
pesquisador chegou à conclusão de que esse conto e o da Chapeuzinho têm
um “ancestral em comum”. Segundo o antropólogo, a relação entre os
contos é parecida com a dos humanos com a dos macacos: apesar de
compartilharem antepassados, hoje em dia são espécies – opa! histórias –
completamente diferentes. A história dos cabritinhos é mais antiga e
pode ter dado origem ao conto da menina que leva doces para a vovozinha.
Os
contos de fadas, transmitidos oralmente ao longo dos séculos, sofrem
algumas variações quando se espalham por diferentes culturas. Em cada
lugar do mundo, essas variações têm suas peculiaridades. Na Ásia, por
exemplo, a história da Chapeuzinho chegou durante a época da rota da
seda, por volta do século 6 antes da nossa era. Foi quando os europeus
passaram a interagir mais com os asiáticos – e não é que apareceu por lá
uma história chamada
A avó tigre?
Ela é muito parecida com
a da Chapeuzinho. Só que, no lugar de um lobo, quem devora a menina é
um tigre. Afinal, esse grande felino é um animal mais presente no
imaginário coletivo oriental do que o lobo.
Para você pensar
O costume de contar histórias é muito antigo e mantém vivas as
tradições das comunidades. “A história oral possibilita o registro de
narrativas de experiências humanas; e o que seria do homem sem sua
memória?”, reflete a historiadora Sonia Maria de Freitas, da Secretaria
de Educação do Estado de São Paulo.
Antigamente, era comum
crianças sentarem-se em volta de adultos para ouvi-los contar as
histórias que eles guardavam em sua memória. Assim, as lembranças eram
passadas de geração em geração. Hoje, com fácil acesso às tecnologias, é
a internet que vem fazendo o papel de “memória coletiva”, armazenando
milhares de dados e histórias.
Gabriel Toscano,
estagiário do Instituto Ciência Hoje
Gosto de ouvir música, ver filmes, ler livros, viajar e conhecer pessoas
diferentes. Estou sempre procurando aprender coisas novas!